Wednesday, August 09, 2006

Falar sobre a Tristeza

"É simples camuflar sentimentos que se tem
Nunca se encontrar
E perder de novo o trem.
É fácil encontrar o amor
E por ele se perder.
Difícil é viver"
(Ira! - Difícil é viver)

Tristeza. A tristeza prá mim é um estado de espírito muito interessante. Hoje estou triste... Não tenho motivos, acordei assim, pensando no passado, revivendo lembranças, sentindo saudades...
Tristeza prá mim é sinônimo de saudade. Saudade de quem eu fui, de quem eu sou, de quem eu serei. Saudades do que vivi e do que nunca viverei. Como eu queria poder ver o mar nesse momento. sentar na beira da praia e acompanhar as ondas com o olhar. Estou ouvindo "Vento no Litoral", minha música de fossa preferida. A praia exerce função fundamental na minha vida, no meu passado. O mar muitas vezes foi a única testemunha de muitos momentos de alegria e de tristeza que passei. Muitas vezes apenas ele pôde levar minhas lágrimas para muito longe e arrancar de mim um sorriso.
Às vezes sinto falta de conversar com alguém. Confessar coisas que não ouso confessar nem mesmo a mim. Às vezes "quero ter alguém com quem conversar, alguém que depois não use o que eu disse contra mim" (Andrea Doria - LU)
As pessoas podem as vezes não compreender esse meu estado de espírito e se perguntar o porquê de eu cultivá-lo. Gosto de curtir meus momentos de tristeza, assim como eu curto cada minuto da minha alegria. Não é sempre que me sinto assim, mas quando acontece eu acabo ficando mais sozinha, pensando e refletindo mais sobre as coisas, além de conversar muito comigo mesma e é nesse momento em que eu me conheço um pouco mais. Nos momentos de alegria eu não paro prá me perguntar por que estou feliz ou o que me deixa feliz. Mas quando estou triste eu me pergunto o que me deixa triste, por que estou triste e acabo refletindo também sobre a felicidade.
É claro que prefiro muito mais estar feliz, brincando, conversando, mas este meu momento também é importante e eu sei que ele vai passar logo, por isso não me preocupo.
Foram também nos meus momentos de tristeza que surgiram meus melhores poemas. Parece que por não falar muito sobre isso, eu escrevo melhor...
Para terminar vou deixar outra de minhas poesias escrita em 1997, um ano em que meus momentos de tristeza eram mais constantes do que os de felicidade...

Mar Absoluto
Vejo o mar em seus olhos
tão inconstante, tão diferente
do ontem e do amanhã.
A incerteza de uma onda...
Uma grande paixão diminuindo,
uma pequena amizade aumentando.
O coração: vento forte ou brisa suave?
Lágrimas salgadas em palavras doces...
Me diz: Onde anda a felicidade?
Esta pedra que se dissolveu no tempo,
que o mar leva e traz.
Levou sim, levou o meu amor
e trouxe as lembranças:
o passado que não morre,
o futuro que não chega,
o presente que se perde lentamente
nos olhos de quem se entrega
ao mar absoluto
Paty - 1997