Friday, August 05, 2005

Um raro momento

Hoje estou num dos mais raros momentos desde a minha adolescência. Sabe quando um acontecimento é capaz de te derrubar pelo resto do dia?
Pois é... bati o carro 6 e meia da manhã. Na hora eu nem percebi tudo que estava rolando à minha volta. Acabei ficando atrasada para a aula e tudo que eu pensava era nas minhas crianças...
Não foi nada grave, nem eu nem o rapaz nos machucamos. Meu carro não sofreu nenhum arranhão, em compensação o dele...
Só me dei conta de tudo isso ao meio dia, quando eu sentei no carro e o rapaz me ligou passando o orçamento. Daí sim... comecei a chorar que eu não queria nem mais dirigir.Tudo que eu precisava era de um colo e alguém que me dissesse coisas do tipo "Acontece nas melhores famílias... a gente dá um jeito." Tão simples, né?
Sei-lá, precisava da minha cama, dormir até isso passar, de um telefonema de um amigo perguntando: "Tá tudo bem?"(o que graças à Deus aconteceu - obrigada Melzinha).
É muito estranho... faz muito tempo que não sinto esse tipo de carência, vontade de chorar o dia inteiro, querer parar e não conseguir (hoje em dia me controlo tanto...).
Na verdade detesto me sentir assim. Tanta coisa boa a minha volta e eu sem conseguir reagir.
Tudo bem... Vou para o meu curso M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O de teatro e lá eu vou esquecer um pouco essa história e reunir forças para que eu não mais me abale tanto nas dificuldades que encontro.

Soneto a quatro mãos

Tudo de amor que existe em mim foi dado.
Tudo que fala de amor em mim foi dito.
Do nada o amor em mim fez o infinito.
Que por muito tornou-me escravizado.

Tão pródigo de amor fiquei coitado.
Tão fácil para amar fiquei proscrito.
Cada voto que fiz ergueu-se em grito
Contra o meu próprio dar demasiado.

Tenho dado de amor mais que coubesse
Nesse meu pobre coração humano.
Desse eterno amor meu antes não desse.

Pois se por tanto dar me fiz engano.
Melhor fora que desse e recebesse.
Para viver da vida o amor sem dano.

Vinícius de Moraes com Paulo Mendes Campos