Dia da Poesia - O Bicho

O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundice do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

Hoje é o Dia da Poesia, por isso vim aqui para compartilhar com vocês a poesia que me deixou chocada quando a conheci. 

Chocada por conta da sua temática, porque no momento em que a estudei, percebi que poesia não fala apenas de amor, de bons sentimentos, de decepções amorosas, mas fala também de indignação, nos fazendo perceber que o mundo não é cor-de-rosa, que o mundo extrapola o quintal da nossa casa e que nem todos tem as mesmas regalias. 

Essa poesia foi o primeiro soco no estômago que levei aos 12 anos de idade e que me fez olhar para o lado para perceber que o mundo precisava de ajuda... 

Se esse poema não te causa um mínimo de indignação, você também precisa de muita ajuda.

Adeus Ano Velho!

O que foi esse ano de 2020??? Putz, cancelado!!!! Sim, cancelado sim, por mais que as mensagens de auto ajuda digam o contrário.

No meio dessa loucura de pandemia, não foram só pessoas que morreram. Lembra de todos planos para um ano novo? Então. Não deu. Morreram junto com quase 192 mil brasileiros que perderam a vida por conta da falta de consciência humana e política.

Eram pais, mães, irmãos, irmãs, tios, tias, avós, amigos, maridos, esposas...de alguém. Mas se não foi o seu, então tá ok, né! Bora festar e aglomerar . Esse foi o lema desse ano porque a vida é curta mesmo, então tem que aproveitar... Não importa o que isso poderia custar.

E quantos profissionais da saúde choraram vendo essas festas enquanto perdiam 3, 5, 10 pacientes por dia, por hora... Verdadeiros heróis do ano. Cansados, machucados, confusos...alguns desistiram. E tá tudo bem desistir esse ano.

Humanidade? Não teve! Empatia, então? HAHAHAHAHAHA faz me rir. A galera do “tudo é mimimi” continua firme e forte.

Ciência? Opa! Essa sim deu show apesar do bando de gente negacionista e que crê mais no tiozão da família que “sempre tem fontes confiáveis lá da carochinha”.

Solidariedade?? Teve também. Graças a Deus algumas pessoas foram contra o fluxo e muitas vidas foram salvas por esses anjos.

RESILIÊNCIA foi a palavra do ano. PACIÊNCIA também...

Esse foi (pra quem fez tudo direitinho) o ano da falta. O ano em que não vimos nossos pais, não brindamos com a família, não abraçamos os amigos, não tivemos novos amores, não beijamos novas paixões, não estivemos ao lado de quem amamos.

Foi também o ano do virtual. Aquele que não se sente cheiro, gosto, toque... que só se passa vontade. E nesse virtual quanta coisa teve que ser adaptada... quantas aulas, reuniões, encontros protegidos pela tela de cristal líquido...

Quantos aniversários pelo “zoom”... crianças soprando velinhas na frente de algumas carinhas ali na tela de um computador.

Mas há planos pra encontros, viagens, grandes festas no ano que vem, né?!

Não, não há.

Sem grandes planos para 2021 porque temos que ir com cautela, vivendo um dia de cada vez.

Hoje, tenho somente o desejo de que o bom senso vença a politicagem e que a saúde geral seja reestabelecida.

Que cada deboche à pandemia, vire mil vacinas.

Cuidem-se.

Cuidem de quem é importante pra vocês.

Cuidem de quem vocês não conhecem também, porque NUNCA FOI SÓ SOBRE VOCÊ.

Cuidem das suas mulheres e das mulheres a sua volta. Daquelas que você também não conhece.

Parem de nos matar!!!

Desculpem o desabafo, esse grito que estava preso na garganta, mas é que não foi “só uma gripezinha”...

E que em 2021 não nos falte esperança, consciência, vinho e vergonha na cara.

Feliz Ano Novo a todos!!!

#ForaBolsonaro

(Adaptação do texto de

Monica Nuspl

- obrigada, amiga)