Sunday, January 22, 2006

Figuração para Belíssima

Cansativo, exaustivo, mas MARAVILHOSO...
A filmagem foi no presídio feminino, uma tentativa de fuga onde uma detenta rende a Vitória e a jura de morte. Tudo aconteceu no pátio durante o banho de sol das detentas.
O sol escaldante judiou muito, queimou rosto, braços e pernas, mas não derreteu a vontade de estar lá, nem a satisfação do meu primeiro trabalho de figuração para a TV.
Na maioria das vezes os figurantes não são nem reconhecidos, mas temos que começar de algum lugar, esta é uma profissão que exige muita humildade da nossa parte para que um dia tudo dê certo.
Não topei pelo cachê, que não paga nem os gastos para ir até lá, nem para aparecer diretamente na TV, o bom é colocar isso no meu curriculum, que tem cursos demais e experiências de menos.
Experiência... É isso o legal. Estar lá foi uma experiência incrível.
Bom, quanto à atriz Cláudia Abreu, bom, ela é uma gracinha, bem mais bonita pessoalmente e bem mais simpática também, cumprimentava as pessoas e passava sorrindo, o que não é comum quando se fala em atores da Globo. Sem contar que ela e a que fazia a outra presidiária deram um show digno de aplausos. São ótimas atrizes.
Outra coisa que confirmei nesse dia: eu realmente prefiro o teatro. Mas é claro que se eu tiver uma oportunidade na TV não vou desperdiçá-la...
A cena é filmada no mínimo 4 vezes para pegar todos os ângulos. Foi preciso de 6 horas para filmar 6 cenas. É muita coisa...
Bem é isso. Estou agora enviando curriculum e aguardando novas oportunidades, seja na TV, seja no teatro. Em qualquer cantinho eu caibo.
Abraços e até a próxima.
Paty - 21/01/2006

Friday, January 06, 2006

Metade

"Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque metade de mim é o que grita
e a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza.
Que a mulher que eu amo
seja sempre amada mesmo que distante.
Porque metade de mim é partida
e a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
nem sejam repetidas com fervor
sejam apenas respeitadas
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimento.
Porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que cala.
Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e paz que mereço.
Porque metade de mim é o que penso
e a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste.
Que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto
um doce sorriso que me lembro de ter dado na infância.
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
e a outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito.
E que teu silêncio me fale cada vez mais.
Porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
ainda que ela não saia
e que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque metade de mim é a platéia
e a outra metade é canção.
E que minha loucura seja perdoada.
Porque metade de mim é amor
e a outra metade... Também!"

Oswaldo Montenegro