Friday, August 28, 2009

O Canto do Poeta - Via Láctea


Não curto muito o Parnasianismo por todo culto à forma existente. Prá mim poesia vem da alma, nasce no coração e salta da boca ou da ponta do lápis em palavras doces ou ásperas, felizes ou tristes... Se começar a esculpir demais já perde a espontaneidade. Porém, não podemos deixar de admirar as rimas ricas dessa escola literária. Realmente um trabalho de mestre todo o cuidado em contar os versos e construir sonetos tão perfeitamente simétricos.

Sim, há um poeta parnasiano que chama minha atenção: Olavo Bilac. E o soneto que dá nome a esse post é o meu favorito desse autor. Por isso inauguro esse novo espaço no meu blog onde homenagearei os meus poetas favoritos com seus poemas que me enchem a alma...
O Canto do Poeta será o espaço do meu blog para reviver as palavras de grandes nomes da literatura nacional e internacional... E, sim, o duplo sentido é proposital... Enjoy!!!


Via Láctea

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas"

Olavo Bilac

Sunday, August 23, 2009

São demais os perigos desta vida


São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer de tão perfeita

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.

Vinícius de Moraes

Hoje a homenagem vai a Vinícius de Moraes... Eterno poeta que anda poetando as estrelas...

Thursday, August 20, 2009

O vento na Ilha


O vento é um cavalo

Ouça como ele corre
Pelo mar, pelo céu.
Quer me levar: escuta
como recorre ao mundo
para me levar para longe.

Me esconde em teus braços
por somente esta noite,
enquanto a chuva rompe
contra o mar e a terra
sua boca inumerável.

Escuta como o vento
me chama galopando
para me levar para longe.

Com tua frente a minha frente,
com tua boca em minha boca,
atados nossos corpos
ao amor que nos queima,
deixa que o vento passe
sem que possa me levar.

Deixa que o vento corra
coroado de espuma,
que me chame e me busque
galopando na sombra,
entretanto eu, emergido
debaixo teus grandes olhos,
por somente esta noite

descansarei, amor meu.

Pablo Neruda

Uma breve homenagem dessa blogueira a esse grande poeta chileno que canta, de forma tão poética, as palavras que dançam pela minha cabeça...

Monday, August 10, 2009

Sem título

"Saturno revela claramente duas coisas:
a nossa pequenez e o gigantismo de nossa ignorância."

"Nosso amor vale tanto... Por você vou roubar os anéis de Saturno!!!"