Não curto muito o Parnasianismo por todo culto à forma existente. Prá mim poesia vem da alma, nasce no coração e salta da boca ou da ponta do lápis em palavras doces ou ásperas, felizes ou tristes... Se começar a esculpir demais já perde a espontaneidade. Porém, não podemos deixar de admirar as rimas ricas dessa escola literária. Realmente um trabalho de mestre todo o cuidado em contar os versos e construir sonetos tão perfeitamente simétricos.
Sim, há um poeta parnasiano que chama minha atenção: Olavo Bilac. E o soneto que dá nome a esse post é o meu favorito desse autor. Por isso inauguro esse novo espaço no meu blog onde homenagearei os meus poetas favoritos com seus poemas que me enchem a alma...
O Canto do Poeta será o espaço do meu blog para reviver as palavras de grandes nomes da literatura nacional e internacional... E, sim, o duplo sentido é proposital... Enjoy!!!
Via Láctea
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas"