"É lindo ver um raio cortando o céu em um prenúncio de tempestade.
O coração sem precaução alguma, no meio da chuva de incertezas e inundado de tristezas. A mente viajando na taça de vinho que deveria permitir as palavras saírem mais facilmente.
Os dois ali, apenas se olhando, sem coragem de falar o que deveria ter sido dito há tanto tempo.
Ela o quer, como sempre quis, mas está deveras machucada para permitir que ele se aproxime novamente.
Ele a quer, como sempre quis, mas lhe falta coragem para assumir que a estrada que pegou não era bem a que queria e sim a mais conveniente.
E a música ambiente continua. O som dos talheres nos pratos ao lado. O silêncio arrasador que confirma o fim de qualquer coisa além da amizade.
O coração sem precaução alguma...
Como seria bom ler mentes. Se cada um pudesse saber o que se passa na cabeça do outro... No coração não precisa... Isso eles sabem. Só não entendem o porquê do não...
Talvez porque tenha passado. Tenha ido...
A chuva de incertezas permanece...
Nem mesmo a taça de vinho permite a quebra desse silêncio mortal.
Ele tem medo de terminar definitivamente.
Ela tem medo que o vinho permita que ela o faça.
Não que ela queira, mas é o certo. No futuro não há mais espaço para as meninices dos adolescentes. Não importa o quão grande é o amor.
Ele não quer falar.
Ela não quer deixar.
E seguem noite a dentro enquanto os raios cortam o céu de forma tão bela no prenúncio da tempestade.
Que venha, então, já que meu coração permanece em constante tormenta..."
Paty - Textos Aleatórios