"Às vezes a gente percorre anos o caminho errado tentando acertar. Daí a gente muda de caminho e o mínimo que se percorre é o suficiente para sabermos que este é o certo."
Nas minhas aulas de Improvisação tenho feito muitas descobertas e muitas constatações. A frase a cima é mais ou menos o que o meu professor Tin disse no meio de uma conversa e refletindo sobre ela acabei constatando que dar aulas para crianças realmente não é a minha praia.
Não concordo com o método de alfabetização implantado (ainda acredito que o conhecimento venha de fora para dentro), não aceito a falta de participação da família no aprendizado da criança e não me conformo com a falta de educação e respeito dos alunos (a educação ainda tem que vir de casa).
Quando eu decidi ser professora (e eu estava tão certa disso...), eu admirava meus mestres profundamente, pois eles tinham todo o conhecimento do mundo e o respeito de todos à sua volta. Hoje eu admiro mais ainda os Professores de maneira geral, pois ainda insistem nessa profissão tão difícil e pouco valorizada ultimamente (e não é só no lado financeiro, não).
No tempo que eu estava do outro lado da carteira não via tudo isso, ou não era tão acentuada essa questão. Talvez eu não percebesse, ou talvez o respeito dos alunos amenizasse os problemas. Devia ser recompensador para um professor ter o sorriso do aluno em agradecimento, ver nos olhos de um pai o orgulho de ver seu filho lendo. Vejo que os alunos não querem aprender e os pais colocam os filhos na escola para não ter que aguentá-los em casa...
Acho que sinto falta do que nunca vivi...
Com as minhas aulas de teatro estou me conhecendo mais, voltei a escrever, exteriorizar meus desejos, meus pensamentos e com isso estou voltando a descobrir o que eu gosto e o que eu não gosto, o que eu quero e o que eu não quero.
Sinto uma tristeza profunda em afirmar que não gosto mais de dar aulas para crianças, não tenho mais aquela paixão (ou ilusão!?!) que eu tinha. Estudei muito e batalhei para estar onde estou hoje, mas estou desiludida.
Sou funcionária pública, professora, tenho salário fixo, 13º, férias, recesso no meio do ano, estabilidade no meu cargo e uma aposentadoria garantida. "Eu devia estar contente... ", como dizia o Maluco Beleza, só que eu estou triste.
Triste, não. Acho que a palavra certa é decepcionada.
Não estou desistindo de tantos anos de estudos, não é bem isso. É que eu cresci, mudei meus planos, e acho que nunca é tarde, e quero alcançar novos sonhos.
Nunca imaginei que o teatro era tanto para mim. Em 1 mês de aula descobri que ele é TUDO: Tudo que eu sempre quiz fazer e não tive pulso para ir atrás antes.
Quero deixar claro que não estou dizendo que não vou mais ser professora. Preciso continuar trabalhando, inclusive para pagar meus estudos e comprar as minhas coisinhas, mas vou atrás de novos horizontes, do incerto, com a certeza de que não vou me arrepender.
01/09/05 - 10h35min
Em busca do pinhão perdido
3 years ago
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