Monday, March 27, 2006

O primeiro beijo... em cena.

Eu sabia que seria inevitável e que este momento iria chegar uma hora ou outra, mas não imaginava que seria tão logo...
Quando terminei de ler os textos de Guilherme Figueredo e vi que em 5 das 6 peças havia uma cena de beijos entre casais pensei "não vou escapar..."
É certo que há algum tempo eu venho me preparando para esse momento, então quando constatamos que um beijo era necessário para finalizar a cena, respiramos fundo e mandamos ver.
Quase todo mundo da sala já tinha passado por esse momento e o constrangimento pós cena foi nítido.
A primeira coisa que fiz antes de entrar em cena foi tirar a minha aliança. Percebi que ao fazer isso eu me despi de todos meus valores morais e sociais, que eu tinha deixado de ser a Patrícia-esposa, a Patrícia-amiga, a Patrícia-professora. Eu tinha colocado a minha máscara de atriz, então eu era Patrícia Samy e estava pronta para encarar qualquer papel.(Para quem não sabe Patrícia Samy é meu nome artístico - pelo menos por enquanto).
Outra coisa que conta muito a favor em uma cena dessas é ter confiança nos colegas. Adoro a minha Turma 39 e me sinto à vontade para vestir meus personagens na presença dos meus amigos, afinal tenho todo carinho e respeito deles.
Não é fácil e o constrangimento acaba sendo inevitável, mas é para isso que estamos em uma escola, para aperfeiçoar e aprender as técnicas de atuar.
Beijo Técnico? Não creio que exista, ainda mais no teatro onde é tudo ou nada, mas existe a técnica de atuar, de dar vida a um personagem e é aí que está toda a diferença. O envolvimento do personagem é um (emocional) e do ator é outro (técnica)...
O que posso dizer é que o teato está sendo uma experiência incrível... Prá falar a verdade, o teatro prá mim é TUDO!!!

Friday, March 24, 2006

"Pati por ela mesma"

Vou colocar aqui um trecho do livro "Confissões de Adolescentes", cujo nome do capítulo é o mesmo título desse post. Não é só por ter sido escrito pela minha xará, mas porque me identifiquei muito com ele...

"O encontro com o teatro mudou a minha vida. Mais que isso: mudou as minhas concepções de vida... Aquelas pessoas que se permitiam viver, viver de um modo diferente! Aquela liberdade! A busca do risco em cena! O desejo intenso de vida! Era como se avida invadisse o corpo e o coração fosse um órgão pulsante de sonhos...
Ilusões que tomavam vida real sobre a ribalta durante alguns segundos. E gente que tinha uma sede de viver fora do comum, como eu. Gente sem valores mascarados, que vivia e agia segundo seus próprios impulsos.
Espíritos errantes comandados por Dionísio! Era assim que se mostrava o teatro em sua primeira aparição para mim.
(...)
Porque essa gente me ensinou que exercer a profissão de Artista significa estar atento o tempo todo à vida! Ter os sentidos afinados para captar, todo tempo, a beleza, a miséria, o horrível, a loucura, a alegria...
E essa busca, essa atenção dobrada dos sentidos a buscar nas almas seus motivos, as suas dores, a minha própria alma buscar todas as emoções que me pudessem dar, essa busca e a sua expressão são, sem dúvida alguma, o sentido da minha vida. Assim me ensinou o teatro."

Patrícia Perrone - Confissões de Adolescentes