O tifo levou muitos desses poetas na flor da idade, e talvez por nunca terem passado muito além dos 20 anos, não tiveram tempo de provar o fel da vida, o amargor de um coração partido. Mas também não tiveram a oportunidade de viver seus dias com o entusiasmo dos jovens que se julgam imortais. E foi justamente assim que eles se tornaram imortais, pelas palavras que registraram as lembranças do amor e da dor que nunca chegaram a viver.
Se eu morresse amanhã
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de provir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Álvares de Azevedo
(1831 - 1852)
1 comment:
é engraçado ler tanto romantismo nele, sendo que viveu tão pouco, como você disse...
imagino eu, se tivesse vivido mais amores, como seriam suas obras...
beijos querida Paty
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