Saturday, August 01, 2015

Ser ou não ser, eis a questão.


Realmente eu não sei em que livro está escrito que a felicidade e o amor só podem ser verdadeiros através da maternidade.

Sim, tocarei num assunto que, para mim, está muito bem resolvido, mas que incomoda as pessoas de uma maneira geral.

No tardar dos meus 30 e poucos anos decidi terminantemente que a maternidade não era prá mim. Não é, ponto! Mas as pessoas tem uma dificuldade imensa de aceitar que uma frase dessas vindo de uma mulher é uma decisão pensada.

As pessoas, principalmente as mães, se indignam de tal forma que não consideram que essa decisão foi tomada "porque sim". Todos tentam achar um motivo para que a mulher não queira ter filhos. "É algum problema de saúde? Ah, mas você vai mudar de ideia. Ah, você só vai saber o que é amar de verdade depois de ter um filho."

Really? Desculpe frustar todos os argumentos das mamães de plantão, mas eu já considerei todas opções. Ser mãe é mais do que acordar a noite e perder suas horas de sono e blá blá blá... É claro que sei que é. Acredito piamente que ser mãe é uma felicidade indizível, um amor inigualável... eu acredito quando minhas amigas, minha mãe, diz isso. Mas não estou disposta a encarar tudo isso. Não estou disposta a abrir mão do que sou e de quem eu sou por uma outra pessoa. É egoísmo, eu sei, mas, não quero!

Não é que eu nunca quis ser mãe. Eu já quis... e muito. Em outros relacionamentos. Eu já planejei uma vida diferente, quando criança achava que a vida era isso: me formar, casar, ter filhos, morar na praia e ver as crianças crescerem construindo castelos de areia.

Acontece que eu fui crescendo e mudando minha forma de ver o mundo, de agir no mundo, de querer do mundo. Hoje o que eu quero, o que eu sou, meus objetivos não combinam com a maternidade. Não casam...

Em outros relacionamentos eu planejei ter filhos. E, realmente, eu os queria. Mas os planos para os outros relacionamentos não se encaixam no meu atual. Se eu estou com uma pessoa diferente, porque não posso planejar coisas diferentes também? E te garanto, sou tão feliz nesse relacionamento sem filhos, como eu teria sido em outros com crianças.

A questão é que o mundo mudou. Hoje em dia a mulher não fica só em casa para cuidar dos serviços domésticos e do marido e das crianças. Imagino que vida tediosa essas mulheres tinham. Claro que ter filhos nessa época era algo fenomenal, uma felicidade indizível, um amor maior que o mundo. Ter filhos era o diferencial para essas mulheres, evitar a rotina.

Hoje em dia há tanta responsabilidade nos ombros femininos além de cuidar da casa que não me espanta que haja tanta mulher passando para o lado do "não à maternidade".

Sério, eu mal dou conta de trabalhar fora, cuidar de mim e do meu marido e do meu lar, ainda querem colocar uma criança no meio? E ainda, uma criança que vai depender de mim pelo menos pelos próximos 18 anos e mesmo quando não depender mais, eu vou continuar me preocupando com cada passo que ela dá.

Ah, mas a felicidade de ser mãe compensa!!!

Olha, querida, deixa eu te contar uma coisa: A felicidade de não ser também compensa.

Quando as pessoas vão entender que felicidade, amor, maternidade, não precisam estar juntas? Ter filhos ou não ter filhos vai te dar possibilidades diferentes de felicidade. A gente só tem que escolher aquela que mais lhe convém.

Eu só queria que as pessoas parassem de me olhar com certa pena por ter tomado uma decisão dessas. Não tenham pena de mim. Foi uma decisão pensada e considerada... e posso sim mudar de ideia um dia, por que não? Eu tenho só 36 anos, ainda dá tempo.

Posso me arrepender se eu mudar de ideia quando já for tarde demais? Claro que pode me acontecer... mas filho não precisa ser gerado dentro de mim para ser filho certo? Estou ciente que o processo de adoção é demorado e as vezes até falho, mas vai ser a única opção que vai me restar. E vou ter que lidar com o que eu tiver nas mãos.

O que estou dizendo é que quero ser respeitada na minha decisão sem ter que ver aquele olhar de piedade ou sem ter que escutar que eu nunca vou saber o que é felicidade completa. Gente, que apelo emocional mais sem sentido. Com tantas formas de vermos e vivermos no mundo, sério mesmo que a felicidade se resume a só uma possibilidade?

Por isso, querem ser mães, sejam mães! Não querem, estejam bem certas disso porque a sociedade vai te julgar e te pressionar a mudar de ideia e se você não for forte o suficiente nos seus propósitos pode, sim, vir a ser uma mãe relapsa, como muitas mães de alunos que conheço. Não tenho dúvidas que essas mães também amem os seus filhos mais que tudo, mas  mudar o seu caminho de forma forçada pode te causar grandes frustrações como mulher e como pessoa.

No comments: