Tuesday, March 14, 2017

Dia da Poesia


Faz tempo que não escrevo. Faz tempo que não passo por aqui. As perdas do final do ano foram demasiadas dolorosas e até então ainda não tinha conseguido escrever depois de tanta surpresa desagradável. Sequer consigo escrever uma despedida para minha avó... ainda não consigo...

Porém vim apenas para deixar uma marca no dia da poesia. Sem motivos, apenas porque é bonito.

Fala, Neruda!

Soneto XXVII 

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.

PabloNeruda

1 comment:

Luiza Maciel Nogueira said...

é difícil quando a morte nos tira alguém, mas é o ciclo da vida e sempre poderemos revisitar nossas memórias daquele que permanece em nós como um exemplo ou como um aprendizado

Abç!