Há sentimentos que deveriam ficar guardados numa gaveta, como uma carta que recebemos e queremos que o tempo apague. Daí depois de muito tempo revirando nossas coisas, encontraríamos eles ali, amarelados e ao resgatá-los iríamos rir despreocupadamente do que um dia existiu. O problema é que não podemos fazer isso... Esses sentimentos ficam aqui dentro de nós e eles não se contentam em estar em qualquer lugar, eles querem nosso coração. Lá eles criam raízes tão fortes que se torna impossível de arrancá-los imediatamente. Só nos resta mesmo esperar pelo tempo, que se arrasta e parece até não passar, enquanto eles se tornam cada vez mais fortes... Se eles escolhessem, pelo menos, outra parte do corpo como um rim ou o fígado, não nos incomodaria tanto... Quem sabe na unha do dedão do pé, bem longe do peito e da cabeça? Mas esses sentimentos doem tão teimosamente que, aposto que mesmo no dedão do pé, iriam nos incomodar no momento em que o sapato apertasse. Depois de uma semana inteira de trabalho, ainda teríamos de nos preocupar com o dedão latejando. Porém eles só se contentam com o coração, onde fazem morada e doem como uma unha encravada. Doem tanto que nos arrancam lágrimas quando nos lembramos dos bons momentos que esses sentimentos foram capazes de nos proporcionar. Mesmo que seja um momento mínimo, curto, mas que valeu a pena... Um beijo, um carinho, um único olhar, ou mesmo o conjunto de tudo isso que tenha plantado esses sentimentos. São sentimentos que vivem e pulsam aqui dentro, não ontem ou amanhã, mas hoje. Hoje porque eles estão e são presente. E em meio a tantas lágrimas ainda nos sentimos felizes e chegamos até mesmo a sorrir por sermos capazes de dizer: EU AMO!!!!
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