Wednesday, October 28, 2009

Desabafo


Sei, sei... é um dia atípico para eu escrever aqui... Mas, na verdade, estou tentando não enlouquecer. Onde foi que eu errei como professora? Em que caminho me perdi? As lágrimas escorrem pelo meu rosto, mas não são só lágrimas de tristeza... é indignação, raiva, desespero.
Não consigo entender tanto desrespeito por parte das crianças. Tanto descaso dos pais. Como podem não educar os filhos... prá quê pos no mundo então se é para deixar ao Deus dará. Educação não é obrigação da escola.
Tem horas que acho que vou enlouquecer, que não vou conseguir chegar no fim do ano letivo... e falta tão pouco... E cada gota d´agua que acontece na sala das 5as séries, me atinge como uma cascata. Tenho vontade de encher a cara de psicotrópico e dormir até meados de dezembro.
As pessoas a minha volta pedem calma, respirar fundo, controle... mas estou perdendo tudo isso, estou perdendo as rédeas e não estou mais conseguindo lidar com certas situações. O pior é escutar deles também que a culpa é minha, que eu que não imponho respeito, que eu é que largo mão.
Não digo que estejam errados... sei que a culpa também é minha, eu deveria ser mais rígida na sala de aula. Mas tudo que eu não preciso nesse momento é que fiquem jogando isso na minha cara... Eu sei que tenho parte nessa culpa. Todos sabem que a culpa é sempre do professor...
Eu queria uma solução, só isso... eu não tenho mais sanidade para buscar isso e tudo que é sugerido parece não funcionar.
Daí eu chego em casa, com toda minha indignação e até com tontura de tanto nervoso que passei e recebo a revista Nova Escola (que o governo assinou para nós) com a matéria da capa escrita em letras garrafais: "INDISCIPLINA - Como se livrar dessa amarra e ensinar melhor."
Eu ri... antes de começar a me debulhar em lágrimas. Sinceramente, tenho medo de ler essa reportagem. É muito fácil para as pessoas que estão de fora opinar, sugerir, julgar... Se você tem a solução, vai dar aula no meu lugar então...
Acho que já estou ficando louca... Eu só queria poder fazer meu trabalho, entrar na sala de aula e aplicar tudo aquilo no qual eu sempre acreditei, fazer aquilo que eu estudei a vida toda para fazer.
Mas infelizmente, é triste constatar, não acredito mais na educação. Todo dia me obrigo a levantar e ir para a escola, faço meu trabalho visando apenas meu salário. É pelo bendito dinheiro que vai me faltar no fim do mês que entro na sala de aula, coloco a matéria na lousa, explico para meia duzia que está interessado e saio, agradecendo por ter sobrevivido a mais uma aula e rezando para que o martírio acabe logo.
Não foi prá isso que estudei. Não foi esperando isso que eu enfrentei 8 anos entre magistério e faculdade e mais 6 anos e meio de inglês. É muita coisa para tanto desleixo e descaso da parte dos alunos e dos pais.
Minha geração era chamada de geração do futuro, a geração que faria do mundo um lugar melhor para se viver... E olha o que estão fazendo com as crianças...
Sei que muitos não vão compreender esse post e estou apenas registrando mais um motivo de julgamento por parte de alguns. Mas a única coisa que eu preciso agora é desabafar e libertar essas palavras pra ver se abre um pouco de espaço no meu coração para que entre um pouco de calma, tranquilidade e, por que não dizer também, fé.
Obrigada a quem me ouviu/leu sem julgamentos. Àqueles que julgaram, tudo bem também, não são os primeiros nem serão os últimos...

1 comment:

Márcio Lima said...

Ok... consegui visualizar o dia difícil que você teve.
Lamento muito, querida.
Relaxa e respira fundo. Cada agrura que você supera e enfrenta é um ponto a favor pra você no final, então cai dentro e encara tudo na marra!
Beijos
Saudades