Thursday, July 18, 2013

Poema Parnasiano

Acho que Olavo Bilac é o único poeta parnasiano que me chama atenção. Não gosto desse movimento literário, toda preocupação com métrica e poemas para objetos... Sempre achei que poesia tem que vir da alma, tem que ter paixão... E é a paixão de Bilac que me contagia... Fica aqui um dos meus poemas favoritos que conheci quando tinha uns 14 anos (faz tempo, hein???)

Inania Verba

Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
- Ardes, sangras, pregado a tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que te deslumbrava.

O pensamento ferve, e é um turbilhão de lava: 
A forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a palavra pesada abafa a ideia leve,
Que, perfume e clarão, o refulgia e voava.

Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ah! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge e a mão que se levanta?

E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?

Olavo Bilac

Obs: o título em latim quer dizer "Palavras Inúteis".

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