Sunday, October 05, 2014

Eleições 2014 (ou Mais do Mesmo - ou Revolta à Flor da Pele)

Tenho meu título de eleitor desde os 16 anos. Com 17 anos fui às urnas pela primeira vez. Desde então, faço questão de exercer meu direito e dever de cidadã. Tenho para mim que se eu me abster, perco o direito de reclamar, reivindicar e lutar por aquilo que acredito.

Hoje, depois de tanto tempo, justifiquei meu voto. E me senti incomodada por isso. Tudo bem que as opções de escolhas são péssimas, tendo que escolher entre o péssimo e o menos pior. Não deveria ser assim, mas é. Mesmo assim, eu queria ter tido minha oportunidade de fazer a minha escolha. E isso me faz considerar, que mesmo que o voto não fosse obrigatório (e não deveria ser) eu iria votar... Iria sair da minha casa, enfrentar as filas na minha seção eleitoral e iria apertar os botõezinhos para ter o meu direito de reclamar.

Sabe, com tudo que li e vi esses dias que antecederam as eleições, as pessoas gritando suas indignações nas redes sociais, com e sem razões, racional ou irracionalmente, me fez parar para pensar que a gente reclama tanto da política, da roubalheira, dos candidatos que são sempre os mesmos, mas, na verdade, o que precisa mudar é o eleitor. 

As pessoas não sabem exercer seu direito votando em quem elas realmente acreditam. Estão tão preocupadas em votar contra um determinado candidato que deixam de lado aquilo que realmente importa, que é um plano de governo, um passado decente, algo que, ao menos, justifique racionalmente e criticamente um candidato merecer o nosso Brasil, o nosso Estado, ser a nossa voz. A NOSSA VOZ!!! As pessoas não tem consciência da importância que é esse dia, que é essa escolha. Tudo por ser obrigatório.

Hoje fiquei me perguntando: "Se o voto fosse facultativo, será que não conseguiríamos uma mudança real na situação do país?" Porque, veja bem, se fosse opcional só quem realmente se importa iria até as urnas. Só as pessoas interessadas em ter uma mudança significativa lutaria para isso.

Estou cansada... Cansada de gritar por algo e o governo, seja qual for - Municipal, Estadual, Federal - olhar para minha cara com aquele sorriso irônico de "sou eu quem decido". Não é... Não deveria ser. Vocês, queridos governantes, deveriam governar pelo povo, ouvir a nossa voz e reproduzí-la ao nosso favor. 

Estou cansada de abrir meu holerith e saber que ele não paga meu aluguel, a prestação de uma casa, enquanto os nossos governantes tem contas até fora do país. Saber que o meu salário de um ano, chega perto do que eles ganham por mês, para governarem por nós. 

Qual é a dificuldade das pessoas entenderem isso? Tá tudo muito bem para todos se absterem e darem de ombros. Ok, você não tem problemas, mas e o seu vizinho? Seu filho estuda em escola particular, você tem convênio de saúde, está protegido no seu 4x4 parado no trânsito da cidade... Deixa eu te contar uma coisa: o mundo é muito maior do que esse seu escritório de luxo. A Educação está decadente, saúde, segurança, transporte público, você jamais vai saber o que é depender disso. Porque você continua sendo conivente com o governo que administra uma minoria, que favorece apenas aqueles que não precisam de atenção.

Eu nem sei o porquê ainda me importo. Seria tão mais fácil fechar meus olhos para o que acontece à minha volta, porque apesar do meu salário de professora, não posso reclamar da minha vida. Eu tenho meu carro, tenho convênio, viajo de quando em quando, aproveito meus dias e minha vida. Não me falta nada. Mas me incomoda saber que TODOS deveriam ter isso. TODOS tem o direito de ter, pelo menos, suas 3 refeições diárias, ter um trabalho para sustentar sua família, ter um transporte decente para se locomover pela cidade, ter a certeza que vai sair de casa pela manhã e voltar em segurança para sua esposa, seus filhos no final da tarde. 

Eu fico decepcionada, me sinto até deprimida por me importar tanto. Eu não sou melhor que ninguém, não sou diferente de ninguém, mas sinto que estou sozinha nessa, que só eu consigo perceber isso. Como as pessoas não veem? Como conseguem ficar tranquilas sabendo de tudo que acontece? Como podem se abster e dar de ombros para o único mecanismo que temos de mostrar nossa voz?

Quer saber, acho que o problema não está nas pessoas... Deve estar comigo mesmo. Já não acho, tenho certeza que eu não sou daqui...

1 comment:

Mare Soares said...

Ah, Paty, eu não sei.
Também tirei meu título de eleitor aos 16 e aos 17 votei pela primeira vez. E aos 17 votar parecia algo incrível.
Esse ano também fiquei assim. Parece que não temos opções...
E nesse segundo turno, então, nem se fala. Me parece um momento de veto. Não vejo gente votando no Aécio por acreditar nele (e me preocuparia muito se acreditassem), mas votando para vetar a Dilma. O mesmo vale o inverso. Votos no Aécio porque estão cansados de serem roubados pelo PT.
Como minha mãe diz (e foi militante do PT por muito tempo) "O PT mentiu e traiu a população, roubou como todos os outros. Então agora é a hora de dar a vez para o amiguinho roubar também."

Eu não sei muito bem o que pensar. Vou anular. E ia achar lindo se o Brasil inteiro anulasse. Porque voto nulo em massa, sim, significa muita coisa.