Sunday, April 27, 2008

Romantismo Moderno

Essa semana me peguei falando algo que em outras épocas seria contrário a tudo que eu acreditava. Em uma conversa, me vi afirmando categoricamente que casar virgem é uma visão muito romântica nos dias de hoje. Acho que já passei pelas três fases do romantismo, já tive aquele ufanismo, já me entreguei ao mal do século achando que morreria aos 21 anos como os grandes românticos, já utilizei todos exageros possíveis e imagináveis (e ainda uso...). E como, logo eu, me dou o direito de criticar uma atitude romântica? Casar virgem é romantismo? E daí? Conheço pelo menos duas mulheres que se casaram virgens beirando os trinta anos em pleno século XXI e, ao que me consta, são muito felizes e não se arrependem.
Os tempos mudaram, o romantismo também. Hoje existem novos valores, outros olhos para ver a vida. Mas o romantismo não acabou. Poderia até existir uma nova fase, quem sabe um Romantismo Realista, ou um Romantismo Moderno.
E quanto aos que decidem não se casar virgens, isto é, quando decidem casar, não há falta de romantismo nenhum.
O fato do casal não ter cedido aos desejos no primeiro encontro, ter aguardado o momento e o lugar certo para fazer valer a pena, o fato da mulher fazer com que ele saiba que entre outros que já passaram pela sua cama, ele foi o escolhido para ficar nela para sempre. Fazer com que ele compreenda que ele não foi o primeiro no seu corpo, mas que será o último.
Isso é romântico, é ser romântica. O romantismo não está naquele que chegou primeiro e que pode querer ir embora um dia (e às vezes até vai), mas naquele que, entre tantas mulheres, se aninhou nos seus braços e deixa claro prá você que veio para ficar... prá sempre!!!

Tuesday, April 22, 2008

Para rir e refletir...


Dar não é fazer amor

Dar é dar.
Fazer amor é lindo,
é sublime,
é encantador,
é esplêndido,
mas dar é bom pra cacete.

Dar é aquela coisa
que alguém te puxa os cabelos da nuca,
te chama de nomes que eu não escreveria,
não te vira com delicadeza,
não sente vergonha de ritmos animais.

Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.

Dar sem querer casar,
sem querer apresentar pra mãe,
sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque
o cara te esquenta a coluna vertebral,
te amolece o gingado, te molha o instinto.

Dar porque
a vida de uma publicitária em começo de carreira
é estressante, e dar relaxa.

Dar porque
se você não der para ele hoje,
vai dar amanhã, ou depois de amanhã.

Dar sem esperar ouvir promessas,
sem esperar ouvir carinhos,
sem esperar ouvir futuro.

Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para as mais desavisadas, talvez anos.
Mas dar é dar demais e ficar vazia.

Dar é não ganhar.
É não ganhar
um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.
É não ganhar uma mão no ombro
quando o caos da cidade parece querer te abduzir.
É não ter alguém pra querer casar,
para apresentar pra mãe,
pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar:
"Que cê acha amor?".

Dar é inevitável,
dê mesmo, dê sempre, dê muito.
Mas dê mais ainda,
muito mais do que qualquer coisa,
uma chance ao amor, esse sim é o maior tesão.
Esse sim relaxa,
cura o mau humor,
ameniza todas as crises e faz você flutuar
o suficiente pra nem perceber as catarradas na rua.

Se você for chata, suas amigas perdoam.
Se você for brava, suas amigas perdoam.
Até se você for magra, as suas amigas perdoam.
Mas... experimente ser amada."

Luís Fernando Veríssimo

Wednesday, April 16, 2008

Depoimento

"O meu nome é Luciana e vim contar a vocês que eu nasci no momento em que morri. Parece estranho, né? Mas é verdade. Foi assim, no momento em que me vi encarando aquele exame. Foi assim que a mulher de negócios, preocupada com a queda da bolsa e a alta do dólar foi soterrada por seus próprios pensamentos na vontade eminente de viver.
Mas já era tarde... Aquela mulher sem família, sem lugar fixo, sem tempo prá mais nada, já estava a sete palmos, coberta pela culpa de ter dito não antes mesmo de ter chegado ao altar, por ter passado pelas principais cidades do mundo e não ter sequer uma foto com a Torre Eifel ao fundo ou uma onde ela apareceria tentando segurar a Torre de Pisa.
Foi ali, com aquele resultado na mão que nasceu Luciana, jovem e viva, que decidiu olhar não só para frente, mas para os lados. Aquela que adiou a reunião em Tóquio para almoçar com o irmão, cunhada e sobrinhos. Aquela que, no dia de sol, errou o caminho do trabalho e foi parar no litoral com os amigos, comendo peixe à beira do mar. Aquela que marcou um dia a mais na viagem de negócios para conhecer a Ilha da Liberdade e constatar a Liberdade Iluminando o Mundo.
É interessante que a vida nos leva a morte, mas melhor ainda é constatar que da morte pode nascer a vida. E ao trocar o olhar sério pelo brilho de um sorriso, até a esperança de um novo amor reacendeu meu coração.
Quanto tempo dura o amor? Eu não sei, mas se a morte é apenas uma viagem, esse amor eu levarei comigo.
Quanto tempo dura a felicidade? Eu não sei, mas se o amor caminha ao meu lado, não há como não ser feliz.
Quanto tempo dura a vida? Eu não sei, mas com certeza será eterna para aqueles que foram plenamente felizes.
E não... não é difícil ser feliz. A felicidade é uma daquelas coisas que você encontra quando para de procurar... Assim como o amor... Assim como a vida.
Eu encontrei a minha, mas tive que encarar aquele resultado de exame primeiro. E você? Vai esperar a Dama Branca bater à sua porta? Cuidado, ela não costuma avisar quando está chegando, por isso, colham logo os seus botões de rosas, porque a pior queda é a morte em vida, e se há vida, jamais existirá a morte!
O exame? Deu negativo... É por isso que eu vivo!
Meu nome é Luciana e eu falei!"

Pense nisso!

Thursday, April 10, 2008

É assim que se morre...

Ares, deus grego da Guerra, corresponde a Marte na Mitologia Romana

Ela saiu no fim da aula, descontraída, rindo e falando alto com os amigos que iriam pegar carona com ela.
Fez o mesmo caminho até chegar no carro, que estava no mesmo lugar... O mesmo que há 3 anos estacionava para atender às aulas.
Tudo estava como sempre, exceto pelo rosto que espiava na janela e resolveu se manifestar:
_ Ei, você! Espere que eu vou tirar o meu carro de trás do seu para você não bater nele de novo.
Menina muito calma e tranquila. Não é da sua personalidade deixar-se atingir por coisas pequenas. Mas naquele dia, naquele momento, ela decidiu que aquilo não era uma coisa pequena:
_ Como assim? Quando eu bati no seu carro?
O senhor saiu da casa, falando alto e apontando o dedo na cara dela.
Mas quem ele pensa que é para fazer isso com ela? Ele nem sequer viu, sequer tem provas... e se viu, porque não falou na hora?
Ela levantou a voz também se defendendo, não poderia deixar que a acusassem tão injustamente.
Essa pirralha que mal tirou carta... quem é ela para falar assim com um senhor tão experiente? (Claro que só podia ser uma pirralha para causar tamanho estrago, se fosse um homem de 1,80m o senhor nem teria se dado o trabalho de interpelá-lo)
E a discussão continuou com uma senhora, esposa do velho, colocando a cabeça para fora da janela e gritando que era ela sim, a motorista que tinha batido no carro dias antes... afinal a senhora é a testemunha ocular, viu tudo.
Os amigos já dentro do carro gritavam para ela deixar prá lá e irem logo embora, mas ela não ouvia... estava totalmente influenciada por Ares, assim como o velho casal.
Foi no momento que os amigos decidiram sair do carro para acalmar aquela discussão que se ouviu o disparo. A arma na guia da calçada, o sangue se misturando com o resto de chuva da enxurrada, um corpo no chão.
De quem era o corpo, pouco importa... Tanto faz se era o da menina que não chegará a concluir o curso de direito ou do velho que não estará com seus netos no próximo natal.
O importante é lembrar daquelas letras garrafais que apareceram no momento e foram imprudentemente ignoradas:
VALE A PENA?

É... É assim que se morre!

Sunday, April 06, 2008

O Ciclo Sem Fim

Oroboros, do grego, aquele que devora a própria cauda e representa o eterno retorno, o verdadeiro ciclo da vida.

Estive pensando nas pessoas que nos deixaram nesse início de ano. Amigos, parentes, famosos que cumpriram suas missões na Terra e deixaram saudades de sua presença, sua alegria...
Em contrapartida, vejo também os anjos recém-chegados, recebidos de braços abertos e com festas, para integrar nosso círculo de amizades, aumentar a família. Vejo com alegria aqueles que ainda estão por vir, protegidos ainda e cuidados com carinho até chegar o momento de marcar a sua presença no mundo.
Assim, constatamos visivelmente o ciclo da vida acontecendo.
Fico imaginando quando vai acontecer comigo... Quando chegar a minha hora de contribuir com o meu gene para perpetuar a minha família e transmitir o meu legado. É algo que me assusta... me assusta ser mãe, mas é o instinto de toda mulher e, confesso, que nunca tive tanta vontade de sentir um novo ser se desenvolvendo dentro de mim, uma junção do amor sincero entre duas pessoas.
Já quis ser mãe por inúmeras razões: para segurar namorado, para agradar minha mãe, para que meu avô não partisse sem conhecer o bisneto, para tentar (em vão) salvar meu casamento...
Mas agora é diferente... Talvez pelo tempo passando e sussurando no meu ouvido que eu sou mulher e não posso esperar muito para decidir. Porém, não é só isso, é algo mais forte. É o fato de ter encontrado alguém com quem eu quero compartilhar mais esse momento, alguém com quem eu quero estar junto e não há outro motivo senão completar a nossa felicidade, apesar de saber que ainda leva um tempo para conseguirmos acertar nossa condição.
Sei que meu relógio biológico está correndo, mas não estou com pressa, ainda tem tempo. Quero aproveitar cada dia, cada momento compartilhado, cada palavra de amor trocada, cada lágrima de saudade, cada beijo de reencontro... tudo devagar e deliciosamente saboreado para fazer cada minuto valer a pena, para comemorar a conquista de cada obstáculo vencido.
Só assim eu estarei satisfeita na hora em que eu tiver que sair de cena. Satisfeita e realizada, deixando minhas palavras rabiscadas nas folhas de um velho caderno, saudades aqueles que participaram efetivamente ou não da minha vida e, principalmente, o legado que Brás Cubas negou, eternizando-me nas minhas gerações seguintes...
Tudo isso para deixar a minha marca nesse ciclo sem fim.