Thursday, April 10, 2008

É assim que se morre...

Ares, deus grego da Guerra, corresponde a Marte na Mitologia Romana

Ela saiu no fim da aula, descontraída, rindo e falando alto com os amigos que iriam pegar carona com ela.
Fez o mesmo caminho até chegar no carro, que estava no mesmo lugar... O mesmo que há 3 anos estacionava para atender às aulas.
Tudo estava como sempre, exceto pelo rosto que espiava na janela e resolveu se manifestar:
_ Ei, você! Espere que eu vou tirar o meu carro de trás do seu para você não bater nele de novo.
Menina muito calma e tranquila. Não é da sua personalidade deixar-se atingir por coisas pequenas. Mas naquele dia, naquele momento, ela decidiu que aquilo não era uma coisa pequena:
_ Como assim? Quando eu bati no seu carro?
O senhor saiu da casa, falando alto e apontando o dedo na cara dela.
Mas quem ele pensa que é para fazer isso com ela? Ele nem sequer viu, sequer tem provas... e se viu, porque não falou na hora?
Ela levantou a voz também se defendendo, não poderia deixar que a acusassem tão injustamente.
Essa pirralha que mal tirou carta... quem é ela para falar assim com um senhor tão experiente? (Claro que só podia ser uma pirralha para causar tamanho estrago, se fosse um homem de 1,80m o senhor nem teria se dado o trabalho de interpelá-lo)
E a discussão continuou com uma senhora, esposa do velho, colocando a cabeça para fora da janela e gritando que era ela sim, a motorista que tinha batido no carro dias antes... afinal a senhora é a testemunha ocular, viu tudo.
Os amigos já dentro do carro gritavam para ela deixar prá lá e irem logo embora, mas ela não ouvia... estava totalmente influenciada por Ares, assim como o velho casal.
Foi no momento que os amigos decidiram sair do carro para acalmar aquela discussão que se ouviu o disparo. A arma na guia da calçada, o sangue se misturando com o resto de chuva da enxurrada, um corpo no chão.
De quem era o corpo, pouco importa... Tanto faz se era o da menina que não chegará a concluir o curso de direito ou do velho que não estará com seus netos no próximo natal.
O importante é lembrar daquelas letras garrafais que apareceram no momento e foram imprudentemente ignoradas:
VALE A PENA?

É... É assim que se morre!

2 comments:

Hudson Pereira said...

Com certeza não vale a pena gastar tempo e energia com coisas tão pequenas. Mas valeu muito tr vindo aqui,lido coisa boa e pra retribuir o seu comentário gentil.
Ganhou um leitor também.
Um beijo

Marinho said...

O valer a pena....
Uma teoria tão antiga que não tem princípio apesar de sempre alkguem dizer que começou consigo.
uma filosofia, uma forma de ver o mundo,, de encarar os problemas e se auto controlar.
Tem gente que é contra isso. Diz que devemos ser sempre sem máscaras, sempre nós mesmos. Mas aí eu respondo é possível em um mundo tão violento e frio? E mais? vale a pena aumentar a angústia em um mar de tormentas?
Beijos meu amor!
Cuide-se!