Monday, January 28, 2013

A Magia de Brincar com as Palavras


Tem palavras que nos beijam como se tivessem boca. Como se tivessem mãos nos conduzem para o centro do salão e nos convidam a dançar com elas no mundo de sonhos esquecidos. 

Como se tivessem pés, nos ensinam os caminhos em que nos perdemos na esperança de reencontrar os desejos perdidos, jogados pela janela em determinada altura da nossa viagem.

Tem palavras que nos tocam como se tivessem corpos para nos enlaçar na noite fria, nos proteger de uma solidão de momento.

Como se tivessem vida, nos envolvem no desejo ardente dos corpos que se tocam, se enlaçam, se abraçam, valsando na cama, no chão, no colchão, na parede, na rede. Palavras que se desmancham na gota do suor que exala o cheiro do amor no ar.


Tem palavras que se trancam, se fecham, se enclausuram dentro do coração. Estão cerradas a sete chaves para evitar qualquer devaneio ou surto de emoção que possa abalar a razão da vida quotidiana, o cinza das horas que correm na efemeridade do tempo.

Como pedra na praia que recebe o baque das ondas aos poucos se desmancham em pequenas porções de ilusão, criando miragens na imagem de uma vida perfeita, alheia aos sabores amargos do mundo, no sonho de um momento, um louco vacilo, uma vida em um minuto.


Tem palavras que se libertam em gritos de euforia, de tristeza, de felicidade, de angústia. Libertam-se, pois não foram feitas para serem aprisionadas.

Como borboletas saem voando e se multiplicando, ecoando pelos ventos até que todo sentimento seja exalado, exaurido, consumido para se extinguir totalmente do coração daqueles que as libertam.

Tem palavras que exalam o seu odor, como o perfume da mais divina flor, que nos carrega pelos vales e campinas onde nos entregamos ao ar puro de magia, eterna sintonia de amor.

Como a canção escrita pelo poeta, pena em riste, porta aberta, lançam sua melodia em notas musicais que buscam no ocaso a despedida do sol para o despertar da lua.


Tem palavras que, sob o cimento de uma lápide, resumem o sabor de toda uma vida em uma fria frase de efeito.

Como anjos nos libertam para que não mais sejamos escravos delas e possamos, enfim, viver tudo aquilo que tanto desejamos, sem mais gaiolas, sem mais prisões, sem mais considerações, sem mais palavras...


Ah, a magia de brincar com as palavras...

Sunday, January 27, 2013

Entre Céu e Mar (ou revirando o baú)


Revirando escritos antigos a gente sempre encontra algo para compartilhar... Tenho infinitas poesias que escrevi enquanto era adolescente. Algumas são pessoais demais, feitas exatamente para situações específicas. Outras, eram só palavras de uma alma jovem e romântica.

Como minha inspiração insiste em me sacanear e não liberar nenhuma palavra sequer para que eu possa escrever aqui, vou compartilhar um dos acrósticos que encontrei: Algumas dessas palavras atemporais, já que foram apenas jogadas ao vento para serem vivenciadas em diferentes épocas da minha vida...

Entre Céu e Mar


Estamos juntos não importa a distância
Nas ondas do mar, ou altas montanhas
Temos tudo que precisamos
Rimos e choramos sem vergonha
E sempre, sempre juntos estamos...

Confiamos nos sentimentos esquecidos
Encontramos o que tínhamos perdido
Uma imensa alegria por ter tudo de volta

Entre céu e mar tudo acontece

Meus olhos, de repente, viram os teus
A vida um presente me concedeu
Rico amor que jamais se esquece.

Patrícia – 18/09/98

Friday, January 18, 2013

Palavras sobre Palavras: Lost in Paradise


Leve-me daqui, voando, soprando, vivendo
Ouça o vento: ele canta, me chama, me inventa
Solta-me no espaço, nos braços da lua
Tira-me essa amarra que me acorrenta.

Invento as estrelas e desenho planetas
Na aurora da juventude que desperta.

Paraíso perdido de sonhos esquecidos
Alagando o Buraco Negro da minh'alma
Rasga meu peito em um discreto gemido,
Amor sofrido pela distancia inquieta.
Deitada nas nuvens me deixo levar,
Imersa no azul-céu de seus olhos.
Sentindo na alma a dor de um poeta,
Espalhando o amor que ainda lhe resta.

Paty jan/2013

Poema que criei escutando a música Lost in Paradise do Evanescence. A partir dela me propus a criar um acróstico e eis o resultado, mexido e remexido várias vezes antes de eu decidir publicá-lo.

Ainda não sei se gosto dele, mas acho que já pode ser compartilhado e lançado ao vento...

Thursday, January 10, 2013

Texto aleatório

Inundada de palavras... É assim que me sinto, que tenho me sentido. Tem tanto que eu gostaria de dizer, mas acho que a vasilha ainda não transbordou. Espero ansiosa pelo dia que irá. Que eu simplesmente abrirei a boca e elas sairão, livres como borboletas para buscar o mundo, buscar seu destino e pousar lá no vento para que ele faça o seu trabalho de espalhá-las pelos quatro cantos.

Eu tento, busco rimas, ficções, metáforas. E elas estão todas ali, eu sei. Mas se recusam a sair. Ficam apenas me sufocando... Por quê?

Antigamente era tão fácil. Brincar com palavras era um passatempo deveras divertido. Era só pegar na caneta e as palavras brincavam na minha cabeça saltando da ponta da pena para o papel. Hoje pego meu caderno e o que aparece são as contas para pagar, a aula a ser preparada, o x vermelho que traz o 0 na prova ou o certo que precede o 10.

Como é difícil deixar a rotina de lado e permitir o coração falar... Ou então, ele já cansou de tanto gritar e nós não ouvirmos por estarmos sempre prestando atenção no cinza da realidade.

Ah, sinto falta das cores, do arco-íris no papel que dançava suas cores sem as preocupações do mundo adulto.

Acho que é esse meu simples desejo para 2013. Uma aquarela e a tela branca... E palavras transbordando para inundar minha vida com as cores que ainda vivem dentro de mim.